O presidente da Associação Comercial de Itanhaém (ACAI), José Alberto Loio de Loureiro, defendeu ontem a construção da Pista Parelheiros-Itanhaém. Loureiro acredita que “a construção de uma nova ligação rodoviária com a Capital traria inúmeros benefícios econômicos” para o Litoral Sul.
Para o presidente da Associação Comercial “essa conexão fortaleceria as relações comerciais e culturais” entre Itanhaém, a Grande São Paulo e a Área de Sorocaba, “beneficiando diretamente a população local”.
Loureiro também projeta a criação de milhares de novos empregos na área: “Com o acesso facilitado, esperamos um aumento no fluxo de turistas e investidores, o que, por sua vez, impulsionaria o comércio local e o setor imobiliário”.
A Pista Parelheiros-Itanhaém é uma reivindicação antiga do povo, dos políticos e do empresariado do Litoral existe exatos 50 anos. A ligação viária virou lei estadual em 1997, mas nunca saiu do papel. Com somente 15 quilômetros de extensão, a estrada diminuiria através da metade o tempo de viagem entre o Planalto e as praias do Litoral Sul, melhorando também o deslocamento dos moradores de Itariri e Pedro de Toledo no acesso à Capital.
Batizada inicialmente como “Nova Imigrantes”, a Prelheiros-Itanhaém também diminuiria os congestionamentos no Sistema Anchieta-Imigrantes porque passaria a ser uma alternativa tanto para turistas quanto para os caminhões que se dirigem ao Porto de Santos vindos do oeste do Estado, do norte do Paraná e até do Mato Grosso do Sul.
No final de julho, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) afirmou, com exclusividade para o Diário do Litoral, que reabriu os estudos de viabilidade técnica e econômica da Parelheiros-Itanhaém. Na prática, o órgão ligado ao Governo do Estado fica atualizando análises feitas em 2015 e não estipulou um período para conclusão dessa avaliação atual.
Em 2012, a empreiteira Contern demonstrou interesse na construção da pista entre Itanhaém e a Zona Sul de São Paulo. Contudo, a empresa não só não conseguiu o contrato como acabou em dificuldades que resultaram em um processo de recuperação judicial.
Além do DER, a Frente Parlamentar através da Terceira Pista da Imigrantes na Assembleia Legislativa do Estado (Alesp) necessitará debater o tema na primeira reunião que fará depois de o retorno do recesso de meio de ano. O grupo de deputados estaduais ainda não estabeleceu a data da próxima reunião, mas a presidente da Frente Parlamentar, Solange Freitas (União), se comprometeu o colocar o assunto em pauta.
Investidores
Assim como o prefeito Tiago Cervantes (Republicanos), o presidente da Associação Comercial de Itanhaém julga que “o acesso entre a Baixada Santista e o Planalto é um dos maiores gargalos da nossa Região Metropolitana” da Baixada Santista.
Loureiro entende que “essa nova via proporcionaria uma alternativa de deslocamento, facilitando a mobilidade de pessoas e mercadorias entre a Capital e Itanhaém”. Na avaliação do presidente da ACAI, “esse projeto tem o potencial de atrair novas empresas e negócios, criando diversas oportunidades e promovendo o desenvolvimento sustentável da região”.
E o turismo e a construção civil seriam dois vetores de desenvolvimento a começar da construção da Parelheiros-Itanhaém: “Esse avanço fortaleceria o turismo e impulsionaria nossa economia. Estamos otimistas quanto às possibilidades positivas que essa iniciativa trará” para Itanhaém e o Litoral Sul.
Risco
Coordenador da Frente Parlamentar em Defesa do Meio Ambiente na Alesp, o deputado estadual Mário Maurici de Lima Morais (PT) é contra a Pista Parelheiros-Itanhaém. Um dos mais votados no extremo sul da Capital nas eleições de 2022, Maurici acredita que a estrada não “traria benefício algum à população” da área.
Na avaliação do parlamentar, a Parelheiros-Itanhaém “desencadearia um processo de ocupação desordenada de um dos trechos mais preservados da Mata Atlântica, com intenso desmatamento”.
Segundo Maurici, “a construção desta Rodovia sempre foi considerada totalmente inviável devido ao imenso impacto ambiental que seria gerado”.
Mais: o ex-prefeito de Franco da Rocha julga que “se a rodovia não foi levada a cabo ainda por nenhum governador em 30 anos, é de se imaginar a dificuldade e as complicações que uma obra desta natureza criaria para o conjunto da sociedade”.
O chefe da frente ambientalista da Alesp sugere que a retomada dos estudos de viabilidade da Parelheiros-Itanhaém pode estar relacionada a interesses econômicos: “Um dos motivos da insistência na proposta é que abre excepcionais possibilidades de especulação imobiliária”.
Maurici pondera ainda que “é difícil prever benefícios da ligação rodoviária Parelheiros-Itanhaém porque também é preciso considerar os seus malefícios”. De acordo com o deputado, a área “faz parte da área de preservação e recuperação de mananciais, que abastece a Grande São Paulo. E ainda é um dos poucos trechos de Mata Atlântica que restaram, um valioso patrimônio verde de todo o Estado”.
Com informações do Diario do Litoral