A edição de 2025 do Globo de Ouro realiza-se no próximo domingo, dia 5 de janeiro, às 22h (horário de Brasília). Com apresentação da comediante Nikki Glaser, será viável assistir através do canal a cabo TNT e através do streaming Max.
Neste ano, haverá um motivo especial para acompanhar a premiação. Ainda Estou Aqui concorre em duas categorias: Melhor Filme de Língua Não-Inglesa e Melhor Atriz para Fernanda Torres.
Com a nomeação, Torres se juntou à sua mãe, Fernanda Montenegro, no grupo dos brasileiros que já concorreram ao Globo de Ouro. Além delas, Daniel Benzali, Wagner Moura e Sônia Braga (três vezes) já ficaram entre os indicados.
Ainda Estou Aqui, de Walter Salles (Central do Brasil), conta a história real de Eunice Paiva (Torres) e do desaparecimento de seu marido, Rubens Paiva (Selton Mello) durante a ditadura militar. O filme é o primeiro do Brasil em 20 anos a disputar o Globo de Ouro (o último havia sido Diários de Motocicleta, uma coprodução entre vários países dirigida também por Salles).
Já a última nomeação para atores brasileiros havia sido em 2016, quando Wagner Moura concorreu através do seu papel de Pablo Escobar na série Narcos. Na época, as oportunidades de Moura eram pequenas (ele perdeu para Jon Hamm, da aclamada Mad Men). Em 2025, apesar disso, a situação é diferente.
Na quarta passada (1), a revista americana Variety, que tem especialização em entretenimento e na cobertura de premiações, postou as suas apostas para o Globo de Ouro. E, no alto da categoria de Melhor Atriz, fica Fernanda Torres à frente de nomes de peso, como Kate Winslet e Nicole Kidman. Existe menos de um mês, quando os indicados foram anunciados, Torres era tida como a outsider do troféu, com poucas oportunidades de vitória.
As apostas, claro, têm a ver com a (ótima) performance da atriz. Mas não só: nos últimos meses, a equipe de Ainda Estou Aqui tem investido pesado na difusão do filme no exterior. De acordo com o jornal O Globo, foram mais de 50 participações em festivais de cinema desde a estreia do filme, no Festival de Veneza, até o final de 2024.
Salles, Torres e Mello tem dado diversas entrevistas a veículos de imprensa estrangeiros, além de fazer parte de sessões especiais, onde o filme é exibido para os votantes das premiações. O objetivo, claro, é o Oscar: Ainda Estou Aqui é um dos 15 longas pré-selecionados para disputar o careca dourado de Melhor Filme Internacional. O anúncio dos indicados rola no dia 15 de janeiro (a produção brasileira ainda tenta cavar vagas para Filme, Direção, Roteiro Adaptado e Atriz).
O Globo de Ouro, é bom dizer, nunca serviu como um termômetro para o Oscar – particularmente nos últimos anos, em que escândalos de tentativa de compra de votos e falta de representatividade entre os eleitores afetaram a reputação do prêmio e afastaram momentaneamente a transmissão da TV aberta americana. Mas é claro que uma vitória de Torres será festejada como gol de final da Copa. E, tratando-se de uma atriz brasileira, abrirá os olhos dos gringos para o restante da temporada de premiações.
Mas, afinal, quem são as concorrentes de Fernanda? O Globo de Ouro separa as categorias de atuação entre Drama e Comédia/Musical. Por isso, a nossa Vani não concorrerá com nomes como Cynthia Erivo (Wicked), Zendaya (Inimigos) e Demi Moore (A Substância). Sorte a delas.
Na categoria Drama, diga-se, Fernanda é a única cujo filme também foi lembrado em outra categoria. Isso não significa, apesar disso, que será fácil. Vamos às outras nomeadas, seguindo a ordem de favoritismo destacada através da Variety:
Nicole Kidman, por Babygirl
Kidman estrela um thriller erótico que conta a história de Romy, uma CEO do mundo tech casada com um diretor de teatro (Antonio Banderas). Frustada com a relação, a executiva começa um caso com o estagiário da empresa, Samuel (Harris Dickinson)– e, com início daí, passa a explorar um sem-fim de fantasias sexuais que invertem o papel dominante que ela exerce no trabalho.
Através do papel, Kidman levou o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Veneza de 2024 (que Fernanda também disputava) e fica cotada para o Oscar (ela já levou um troféu através do filme As Horas). É a principal concorrente da brasileira.
Babygirl estreia no Brasil em 9 de janeiro.
Angelina Jolie, por Maria
Nesta cinebiografia de Pablo Larraín (de Jackie e Spencer), Jolie interpreta Maria Callas (1923-1977), uma das cantoras de ópera de maior prestígio do século 20. Para o filme, que estreia em 16 de janeiro, Jolie precisou aprender a cantar – e pode ser recompensada por isso, a julgar pelas várias indicações que vem recebendo.
Kate Winslet, por Lee
Winslet produz e estrela esta cinebiografia que acompanha uma década da vida da americana Lee Miller, que trabalhou como fotógrafa durante a Segunda Guerra Mundial. Miller iniciou sua carreira como modelo, ainda nos anos 1920. Durante o confronto, foi correspondente da revista Vogue e fez a cobertura de campos de concentração, batalhas e da libertação de Paris das mãos dos nazistas.
Lee estreou em 2023 no Festival de Toronto, mas só chegou ao circuito comercial nos EUA um ano depois (e por isso ele concorre aos prêmios dessa temporada). O filme levou oito anos para ficar pronto e teve alguns problemas de bastidores – questões financeiras, por exemplo, obrigaram Winslet a pagar os empregados com o próprio dinheiro por algumas semanas.
Apesar disso, a difusão do filme parece ter esquentado nos últimos meses: no mês de novembro, Leonardo DiCaprio esteve em uma sessão especial de Lee. Difícil uma reunião de Jack e Rose passar sem que ninguém notasse.
No Brasil, Lee estreou discretamente em 19 de dezembro.
Tilda Swinton, por O Quarto ao Lado
Martha (Swinton), uma experiente jornalista de guerra, descobre que o câncer que trata existe algum tempo é incurável. Cansada da rotina de médicos e terapias sem sucesso, ela decide tomar uma decisão drástica – e, para isso, pede ajuda a Ingrid (Juliane Moore), uma amiga e ex-colega de trabalho que não vê existe anos.
Falar mais do que isso pode estragar a sua experiência com O Quarto ao Lado, o primeiro filme do diretor espanhol Pedro Almodóvar (Tudo Sobre Minha Mãe, A Pele que Habito) em língua inglesa. Ou não: o roteiro nunca esconde qual será o final da história – mas o que importa não é isso, e sim acompanhar a relação entre as duas protagonistas, numa história tocante sobre amizade, família e finitude.
Além do elenco de peso e da grife do diretor, O Quarto ao Lado tirou de Ainda Estou Aqui o prêmio máximo do Festival de Veneza. Briga boa.
Pamela Anderson, por The Last Showgirl
Grande estrela dos anos 1990, quando estrelou a série Baywatch, Pamela Anderson passou décadas sem papéis de destaque. Em 2024, ela voltou aos holofotes com uma história que tem vários paralelos com sua vida pessoal. Shelly é uma dançarina veterana de Las Vegas, com mais de 30 anos de carreira. O problema é que sua vida em cima do palco fica prestes a acabar – e ela precisa decidir como seguir depois disso.
Dirigido por Gia Coppola (neta de Francis Ford Coppola), The Last Showgirl ainda não tem previsão de estreia no Brasil.