Dona Benita e seu esposo José Benedito com os filhos que ainda moram na casa, no Jardim Fazendinha, em Itanhaém / Nair Bueno/ DL
Uma família dá um exemplo de luta e dedicação em Itanhaém. Essa é a história do casal José Benedito dos Santos, de 79 anos e Benita Elias dos Santos (73) que criou e educou 18 filhos, sendo 6 naturais e 12 adotados, além dos agregados. Hoje, a maioria dos filhos já está levando a sua vida de forma independente.
A dona de casa Benita é quem conta a história da sua família e como decidiram adotar mais 12 filhos.
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“Eu e meu esposo decidimos começar a ajudar outras famílias que não tinham condições financeiras para criar os filhos. Meu marido, quando trabalhou, na década de 1960, no Fórum de Itanhaém, conhecia algumas crianças que eram vítimas de maus tratos e violência e precisavam de um lar”.
A maior parte dos filhos estudou e completou o ensino superior e já está trabalhando. Apenas uma das filhas que é gêmeas não pode estudar por ter nascido com paralisia cerebral do lado direito. Outro filho natural também não quis completar o ensino superior e, hoje, trabalha como mecânico de carros.
“Antes de adotar as duas gêmeas tive um sonho que estava adotando duas meninas, apesar de não querer mais filhos. Na hora que soubemos do nascimento das gêmeas, na maternidade municipal, pensei Deus me escolheu”, relembra.
Segundo Benita, na época foi uma decisão bastante difícil, mas como a mãe não tinha condições de criar, eles resolveram adotar.
“Providenciamos o tratamento médico necessário a uma delas que tem paralisia cerebral e a levamos na fisioterapia, fonoaudióloga e neurologista em Santos”. Hoje as duas gêmeas têm 24 anos e uma delas cursa a faculdade de Direito, em Santos.
Após dois anos, o casal ainda adotou a irmã mais nova das gêmeas, já que a mãe não podia criar e a criança estava em situação de maus tratos. A filha mais nova vai completar 22 anos e estuda Pedagogia.
Dificuldades
Todos os filhos foram educados por Benita e José Benedito com bastante esforço. Atualmente, o casal mora com as três filhas adotivas que ainda estudam.
Benita conta que trabalhou como vendedora autônoma, na feira livre, por um período de 18 anos. Porém, ela não conseguiu se aposentar, por não ter contribuído à previdência social com o tempo mínimo de 15 anos. O seu marido é aposentado como professor pelo governo do Estado.
Afirma que está entrando com ação na Justiça para requerer o Benefício de Prestação Continuada (BPC) para a filha que tem paralisia cerebral, mas ainda não conseguiu.
“No início, com os primeiros filhos, saía para trabalhar cedo e alguns ainda estavam dormindo e, na volta, eles já estavam na cama. Só via os filhos nos finais de semana”, lembra o pai José Benedito.
“Atuei como professor por 50 anos, em escolas estaduais de Itanhaém, mas fui me aposentar em uma unidade em Santos”.
Na década de 70, José Benedito, além de ter ministrado aulas nas escolas da rede estadual de ensino, também organizou turmas de alunos, em um salão da casa, onde oferecia um curso preparatório ao vestibular.
Ele passou ainda por uma cirurgia no coração, há 20 anos. “O médico me deu uma garantia de 40 anos e ainda tenho 20 anos por aqui”, brinca.
Missão cumprida
O casal revela que o esforço para criar todos os filhos valeu a pena. “Acreditamos que a nossa missão foi cumprida ao conseguirmos educar todos os filhos”, frisa.
Aos pais que desejam adotar outros filhos, José Benedito diz que, nos dias de hoje, está muito difícil aconselhar as pessoas a adotarem.
“Alguns jovens, hoje, acham natural as situações de violência doméstica que acontecem em casa”. Diz ainda que a maioria dos adolescentes tem uma mentalidade distorcida em relação a ter responsabilidade e a prosseguir os estudos.
José Benedito é formado em quatro cursos superiores – Pedagogia, Geografia, História e Ciências Jurídicas. E ainda fez uma pós-graduação na área da Educação.