Embora às vezes pareça, a arqueologia não é uma ciência limitada geograficamente ao Egito, ao Peru ou ao Mediterrâneo (rs). Várias descobertas fantásticas acontecem todo ano aqui mesmo, no Brasil. Uma das mais recentes é uma cidade portuguesa do século 18 que foi achada no meio da Amazônia.
Essa descoberta é um dos primeiros resultados do projeto Amazônia Revelada, que junta as tecnologias mais avançadas à disposição dos arqueólogos aos conhecimentos tradicionais dos povos da floresta. O objetivo é compreender o passado da Amazônia e amparar a protegê-la do desmatamento, já que sítios arqueológicos são protegidos através da legislação brasileira.
O projeto é financiado através da National Geographic Society e tem como coordenador o diretor do Museu de Arqueologia da Universidade de São Paulo (USP), Eduardo Neves. O trunfo do projeto é a tecnologia LiDAR (sigla de light detection and ranging, ou “detecção de luz e alcance”), que permite a reconhecimento de sítios arqueológicos cobertos através da floresta utilizando lasers.
Foi com o LiDAR que a equipe do projeto Amazônia Revelada viu uma cidade colonial perdida que data do século 18 onde hoje fica o município de Costa Marques, às margens do rio Guaporé, em Rondônia.
Ruas detectadas com laser
É na fronteira entre o Brasil e a Colômbia que fica o município de Costa Marques, a 708 km de distância da capital do estado, Porto Velho. Separado, né? Essa área era muito importante no século 18 para escoar o ouro que vinha de Cuiabá, no Mato Grosso. O metal era transportado pelos rios Guaporé e Madeira, fugindo das regiões dominadas pelos espanhóis mais ao sul, no rio Paraná.
Essa e outras descobertas do projeto em Rondônia foram divulgadas numa entrevista à Rádio CBN. Já sabíamos que o município aparecida em alguns mapas da época, mas só agora, com o auxílio do LiDAR, sua existência foi comprovada.
Muitos desses lugares foram abandonados depois que o ouro perdeu seu protagonismo na economia nacional. Um deles foi a vila achada pelos arqueólogos. Com o uso do laser, eles foram capazes de enxergar as ruas e a praça central da cidade, hoje cobertas por árvores. Uma equipe do projeto foi até o local e confirmou as análises, identificando o traçado das ruas e redescobrindo esse pedaço de história.