Um dia depois de a proclamação da vitória de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais venezuelanas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se preserva em silêncio sobre o resultado do pleito.
De acordo com o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Maduro conseguiu 5,15 milhões de votos (51,2%) no domingo passado (28/7). O resultado, no entanto, é contestado através da oposição e por chefes de diferentes países, que exigem mais transparência sobre o processo.
Em comunicado divulgada segunda-feira agora (29/7), o governo brasileiro impediu reconhecer o resultado e pediu a publicação do dados sobre a apuração dos votos, para assegurar a “transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito”.
O assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim, enviado de Lula para acompanhar a votação na Venezuela, pregou cautela no reconhecimento, mas também explicou que não vai “endossar nenhuma narrativa de que houve fraude”.
“É uma situação complexa, e nós queremos apoiar a normalização do processo político venezuelano”, informou Amorim em nota à imprensa.
Manifestações
Apesar das manifestações do governo brasileiro, o presidente Lula ainda não disse publicamente sobre a situação na Venezuela.
Enquanto isso, outros chefes de Estado se dividiram entre reconhecer o pleito e questionar a lisura do processo eleitoral. Na América do Sul, o presidente do Chile, Gabriel Boric, afirmou que os resultados são “difíceis de acreditar” e que o país não reconhecerá “nenhum resultado que não seja verificável”.
Na mesma linha, o presidente do Equador, Daniel Noboa, endossou as críticas. “Em toda a região, há políticos que tentam agarrar-se ao poder e tentar tirar a paz aos nossos cidadãos”, explicou.
Já Javier Milei, presidente argentino, foi mais efusivo e acusou Maduro de fraudar as eleições. Os Estados Unidos e países europeus também cobraram mais transparência na propaganda dos resultados.
O presidente da Bolívia, Luis Arce, por outro lado, reconheceu o resultado e parabenizou Maduro através da vitória. Além do chefe de Estado boliviano, os presidentes da Rússia, de Cuba e de Honduras demonstraram apoio a Maduro.
Amizade e troca de farpas
Durante este terceiro mandato de Lula, o Brasil retomou os laços diplomáticos com a Venezuela de Maduro, que haviam sido rompidos através do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Mas, recentemente, com a proximidade das eleições, a relação entre os países iniciou a estremecer. No mês de março deste ano, o Itamaraty publicou uma nota manifestando preocupação com a decisão do governo venezuelano de impedir Corina Yoris, candidata da oposição, de concorrer ao pleito.
A Venezuela rebateu a manifestação brasileira, chamando-a de “cinzenta e intrometida” e que “parece ter sido redigida pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos”.
Já na semana anterior ao pleito, Maduro subiu o tom contra Lula. O petista dizer que ficou “assustado” com a declaração do venezuelano de que haveria um “banho de sangue” caso perdesse as eleições.
Maduro reagiu à preocupação de Lula e sugeriu um “chá de camomila” para todos que ficaram assustados. O petista, no entanto, não foi citado diretamente através do atual presidente venezuelano. Além do que, o chefe atacou o sistema eleitoral brasileiro e pediu que países vizinhos, como o Brasil, não interfiram em assuntos internos da Venezuela.
Fonte: Metropoles